HAROLD RUDOLPH FOSTER
(Hal Foster)
(nascido: CANADÁ, falecido: EUA)
(1892 - 1981)



Harold Rudolph Foster, cujo pseudónimo é Hal Foster, nasceu em Halifax, na Nova Escócia (Canadá), a 16 de Agosto de 1892. No entanto, ainda em criança, muda-se com os seus pais para os EUA, indo viver para Winnipeg, em Manitoba. Hal Foster abandona cedo os estudos e, a partir dos 18 anos, passa a levar uma vida aventureira, entre expedições de caça e exploração de ouro, chegando, inclusivamente, a descobrir um filão, sendo, no entanto, assaltado por um bando de ladrões, incidente que o faz abandonar esta actividade.

Mais tarde, em 1921, Hal Foster decide ir estudar para Chicago, a fim de enveredar pelo ramo das Belas Artes, retomando, assim, os seus estudos artísticos que havia interrompido ainda muito jovem. Para esse efeito, é obrigado a deslocar-se, de bicicleta, desde a sua casa em Winnipeg (Manitoba) até Chicago, a fim de frequentar o Instituto de Arte de Chicago. A seguir, frequenta também a Academia de Belas Artes de Chicago e, finalmente, faz estudos adicionais na Academia Nacional de Design.

Diga-se de passagem que, antes de ter começado verdadeiramente a sua carreira de desenhador/ilustrador de banda desenhada, Hal Foster já tinha colaborado em jornais e revistas juvenis, tendo, ainda, servido como guia em caçadas, para além da já referida experiência na exploração/ prospecção de ouro.

Hal Foster estreia-se, então, como desenhador/ilustrador, em meados da década de 20, fazendo, quer a ilustração de revistas, quer a ilustração de capas e de anúncios em posters e cartazes publicitários. Alguns destes trabalhos, nesta altura, apareceram nas capas da revista "Popular Mechanics". Rapidamente, Hal Foster alcança um grande sucesso como ilustrador, atingindo o seu trabalho uma grande reputação e prestígio.

Enquanto permanece em Chicago, Hal Foster torna-se assistente de J. Allen St. John, um dos maiores ilustradores do seu tempo. É por esta altura, mais concretamente em 1928, que o editor Joseph Neebe vai ao estúdio de St. John para tentar convencê-lo a desenhar uma prancha diária, em banda desenhada, do famoso herói da selva, "Tarzan", de Edgar Rice Burroughs, cujos direitos de reprodução e publicação Neebe havia adquirido recentemente. Porém, St. John não se mostra receptivo a esta proposta, e perante esta recusa, Neebe vira-se, desde logo, para Hal Foster, convidando-o a ilustrar o primeiro episódio da série.

Embora não gostasse especialmente da personagem de "Tarzan", Hal Foster aceita fazer 300 ilustrações deste herói, para banda desenhada, adaptada dos romances de grande sucesso do seu famoso criador, Edgar Rice Burroughs. Estas ilustrações merecem, desde logo, a aprovação dos leitores e são por estes aplaudidas entusiasticamente.

Porém, em Janeiro de 1929, Hal Foster, cansado da personagem, abandona a ilustração de "Tarzan" e Neebe vê-se obrigado a procurar um substituto para Foster, escolhendo Rex Maxon, para continuar a produzir as pranchas diárias de "Tarzan". No entanto, Neebe não é totalmente feliz com esta substituição e, ao fim de 2 anos, vê-se novamente na necessidade de tentar persuadir Hal Foster a regressar à ilustração, agora da recente página dominical de "Tarzan", criada em Setembro de 1931.

É assim que, de regresso à publicidade, Hal Foster recomeça a desenhar uma página dominical de "Tarzan". Diga-se de passagem que a série de banda desenhada "Tarzan" produzida por Hal Foster foi uma das mais bem desenhadas pranchas do género, granjeando um enorme sucesso junto dos milhares de leitores da série. O seu estilo artístico viria, inclusivamente, a ser copiado por muitos outros artistas ao longo dos anos. Contudo, em 1936, Hal Foster começa a sentir-se cada vez mais insatisfeito e saturado com a ilustração dos argumentos que ele próprio escrevia.

É então que se dá uma viragem decisiva na sua carreira, quando, logo no início de 1937, o famoso milionário e empresário, William Randolph Hearst, ao observar as ilustrações de "Tarzan", tenta convencer Foster a produzir uma série original de banda desenhada. Em resposta a este desafio/repto, Hal Foster, fazendo uso da sua fértil imaginação, idealiza e concebe uma personagem, a qual se virá a tornar no famoso herói de banda desenhada, "Príncipe Valente". Após receber a proposta de Hal Foster, Hearst fica tão impressionado e entusiasmado com este novo herói que, desde logo, promete, caso Foster comece imediatamente a produzir a série, conceder-lhe o direito de propriedade de "Príncipe Valente", oferta esta rara para aquela época.

Em 1937, Hal Foster abandona então, definitivamente, a série "Tarzan", sendo substituído, aliás com igual sucesso, por Burne Hogarth. A partir daqui, Hal Foster, então já com 44 anos de idade, pretende levar por diante um projecto estritamente pessoal que seja fruto da sua imaginação e criatividade, o qual consiste em inventar uma história onde entra um herói da época medieval, chamado "Príncipe Valente". Este herói irá agradar imediatamente ao público, graças ao esplendor dos desenhos e à riqueza da intriga presente no respectivo argumento. Em Fevereiro de 1937, surge, então, a primeira página dominical de "Príncipe Valente" a qual obtém, desde logo, um enorme sucesso, pois Hal Foster prova ser um mestre tanto na arte do desenho como na arte do argumento.

O uso do argumento, por parte de Hal Foster, revestiu-se de uma forma única e original. De facto, o texto não tinha tanto o objectivo de explicar a história, mas sim o de dar cumprimento ao visual artístico. É reconhecido que Hal Foster gastava cerca de 60 horas semanais para produzir cada episódio dominical, tal era a sua noção e preocupação de exactidão, precisão e rigor da temática. A título de exemplo ilustrativo, basta referir que Hal Foster nunca incluiu um local na série que ele não tivesse visitado pessoalmente.

A sua virtuosidade/versatilidade expressa nas técnicas da caneta e do pincel fizeram de cada página uma espantosa e estupenda conglomeração de linhas e traços. O seu estilo de pincel seco foi, aliás, uma inspiração para Alex Raymond, antes mesmo deste ter imaginado criar o seu famoso herói "Flash Gordon". Aliás, a série "Príncipe Valente", juntamente com a série "Flash Gordon", de Alex Raymond, foram duas das primeiras bandas desenhadas de aventuras do seu tempo, tendo estes dois artistas sido responsáveis pela inspiração de gerações de artistas como, por exemplo, Lou Fine, Frank Frazetta, Al Williamson, Wayne Boring (que foi assistente de Hal Foster entre 1966 e 1969) e Mark Shultz, entre outros.

Entretanto, Hal Foster decide começar a trabalhar com três artistas assistentes: Gray Morrow, Wally Wood e John Cullen Murphy. Murphy será a escolha de Hal Foster para continuar a desenhar as pranchas, quando este decide deixar de ilustrar a série, embora continue a escrever o argumento de "Príncipe Valente" até à sua morte, colorindo ainda as páginas depois de estas estarem terminadas.

À parte um curto parênteses com a produção de "Castelo Medieval", banda desenhada que, em 1944 e 1945, completava a prancha dominical do seu herói, Hal Foster consagra-se, inteiramente, às aventuras de "Príncipe Valente" até 1971, ano em que ilustra a sua última página dominical de "Príncipe Valente", passando a auxiliar e a confiar a ilustração da série a John Cullen Murphy, assegurando Foster, no entanto, totalmente a escrita do argumento, até à sua morte em 1981. Hal Foster ilustrou, assim, ao longo de 34(!) anos (entre 1937 e 1971), um total de cerca de 1800(!) páginas (mais, exactamente, 1789 páginas) de "Príncipe Valente".

Ao longo da sua longa e brilhante carreira e até aos últimos anos da sua vida, Hal Foster fez diversas aparições em público, comparecendo e participando em muitos encontros, reuniões, eventos, congressos, palestras e exposições/feiras de banda desenhada, tendo sido eleito, por diversas vezes, um dos autores/artistas de banda desenhada preferidos, pela sua legião de admiradores fiéis, nos EUA e na Europa. Hal Foster viria a falecer em 1981, com 89 anos de idade, contando com quase 60(!) anos de carreira.

Hoje em dia, a banda desenhada "Príncipe Valente" permanece como um autêntico clássico no universo da banda desenhada de aventuras, não apenas nos EUA, onde ela nasceu, mas a nível mundial, continuando as suas pranchas a ser editadas, ano após ano, um pouco por todo o mundo, reproduzindo e conservando toda a sua beleza original.

A série "Príncipe Valente" continuará, pelo tempo fora, a ser venerada e idolatrada, em todo o mundo, pelas gerações vindouras, pois esta banda desenhada tem, na verdade, um cunho universal e um carácter eterno. Por isso, as pranchas originais serão sempre altamente apreciadas e avaliadas como obras de arte de grande valor, independentemente das sociedades, civilizações e épocas em que se viva.

Portugal orgulha-se de ter a melhor edição da obra completa do Principe Valente por Hal Foster. Esta edição foi publicada pela editora Livros de Papel - criada por fans de Hal Foster.

Contribuição de Alexandre Ribeiro