BUDDY LONGWAY
(1972)
CAÇADOR, EXPLORADOR E AVENTUREIRO AMERICANO
("VELHO" OESTE DOS ESTADOS UNIDOS - SÉCULO XIX)


Foi em 1972, no número 16 da revista "Selecção Tintin", que Derib lançou e fez nascer uma nova série, chamada "Buddy Longway". A história de 16 páginas, que se pode considerar o "prólogo" de "Buddy Longway", intitulava-se "Primeira caçada", e nela via-se um jovem aventureiro, em pleno Oeste dos Estados Unidos, partir em busca de peles de animais, após ter herdado uma significativa fortuna de um velho tio. Entre várias aventuras vividas pelo jovem, salientava-se a amizade estabelecida com um valente índio, de nome "Lobo negro".

O êxito de "Buddy Longway" foi assinalável, tendo Greg pedido a Derib para abandonar provisoriamente a história "Go West" e dedicar-se, por inteiro, à série "Buddy Longway". É assim que, em 1973, aparece nas páginas da revista "Tintin", uma bela história do Oeste, com o título "Chinook", história esta que marca o encontro e a posterior união de "Buddy Longway" com aquela que se tornará a sua futura companheira na floresta.

"Buddy Longway" é, pois, uma série do género "western", criada, por Derib, com a intenção de focar e retratar um período crucial do conflito e consequente confronto entre brancos e índios ("peles-vermelhas"), cuja acção decorre numa zona situada algures, entre a fronteira do Canadá com os Estados Unidos, junto das Montanhas Rochosas. Esta série é aquilo que se pode considerar uma epopeia familiar, revelando muito do espírito dos pioneiros que, certo dia, embarcaram no "Mayflower", com destino ao Novo Continente.


"Buddy Longway" é um caçador solitário que, certo dia, enfrentando tremendos perigos, salva uma jovem índia, uma bela "squaw" da tribo dos Sioux, de nome "Chinook" ("vento selvagem"), a qual era perseguida por dois bandidos brancos com más intenções e que pretendiam fazer-lhe mal. "Buddy Longway" apaixona-se, então, por "Chinook", casando com ela e vindo ambos a formar um lar em plena floresta, demonstrando o seu apego à vida ao ar livre.

Os episódios seguintes mostram os primeiros tempos da vida familiar de "Buddy Longway" e "Chinook", com a construção da cabana onde irão viver, situada num local magnífico. O primeiro filho de "Buddy Longway" e "Chinook" chama-se "Jérémie", que bem cedo, com apenas 7 anos de idade, se inicia nos segredos da natureza, afirmando as suas grandes capacidades para penetrar no mundo animal em que se sente integrado. Para "Jérémie", a montanha e a floresta representam o melhor livro da vida e o seu conhecimento dos perigos e da beleza da floresta são consideráveis. Mais tarde, nasce uma filha ao casal, chamada "Kathleen", de olhos sempre abertos para o mundo maravilhoso que a envolve.

É, pois, neste ambiente que se situam os episódios de "Buddy Longway", numa época em que os povos índios ainda eram livres, não tendo começado o vergonhoso e tremendo genocídio que, entre outros objectivos, tinha o de permitir a invasão e expropriação das terras férteis dos índios pelos brancos, insaciáveis de riqueza.

Um outro aspecto muito importante da série "Buddy Longway" é o seu carácter de defesa da qualidade de vida, podendo considerar-se esta criação de Derib como o primeiro "western" ecológico de banda desenhada. O que interessa a este desenhador não é apenas criar aventuras plenas de acção, mas também destacar a perfeita harmonia do seu herói com o mundo natural que o envolve, vivendo de forma sã e equilibrada na companhia da família, a qual vai aumentando progressivamente.

Ao longo dos vários episódios da série, os heróis ("Buddy Longway", "Chinook" e os seus dois filhos) vivem naturalmente a sua vida e envelhecem na sua sequência lógica. As peripécias dramáticas, que servem de pano de fundo à odisseia desta família, nada mais são do que a concretização do desejo do próprio autor de se situar na pele e no lugar da sua personagem.

Prevista, inicialmente, para 10 álbuns, publicados pelas edições du Lombard, Derib acabou por prolongar esta gesta familiar, naturalista e histórica, de "Buddy Longway", por mais 6 episódios, até ao momento.

Contribuição de Alexandre Ribeiro