Mandrake

USA, 1934



Mandrake é um dos mais famosos e populares heróis da banda desenhada mundial, em particular, da banda desenhada americana das décadas de 30 e 40 do século XX.

A série "Mandrake, o Mágico" aparece, pela primeira vez, na imprensa diária americana, em Junho de 1934, sendo a distribuição das tiras de banda desenhada assegurada pela agência King Features Syndicate. O argumento das histórias é escrito por Lee Falk e os desenhos são da autoria de Phil Davis.

A primeira página dominical aparece em Fevereiro de 1935. O sucesso desta série de banda desenhada não se fez esperar, tendo as aventuras deste fabuloso mágico rapidamente seduzido e fascinado os leitores do mundo inteiro. O traço de Phil Davis é elegante e sóbrio e as suas ilustrações são de uma grande precisão e clareza. Com a sua morte em 1964, Phil Davis é substituído, no desenho da série, por Fred Fredericks com um traço mais realístico.

Mágico e ilusionista, Mandrake é também o primeiro herói, na história da banda desenhada, a assumir-se e a intervir como tal. Lee Falk inspirou-se em Leon Mandrake, um ilusionista real com o mesmo nome e aspecto, para criar este personagem fictício. No início, Mandrake é um mestre de magia, porém, com o decorrer do tempo, os poderes que lhe foram transmitidos em Xanadu, um local isolado do Tibete, revelam-se cada vez mais reduzidos ao hipnotismo.

Desde os 19 anos de idade, quando ainda era estudante na Universidade de Illinois, que Lee Falk tinha imaginado o personagem de Mandrake, tendo mesmo começado a desenhá-lo em algumas tiras de banda desenhada. Cerca de dez anos mais tarde, aquando de uma visita a Nova Yorque, Lee Falk propõe a série à agência King Features Syndicate.

Para seu grande espanto e admiração, a sua proposta é imediatamente aceite e sem restrições de qualquer espécie. Não estando, porém, absolutamente seguro e confiante das suas capacidades e qualidades gráficas, Lee Falk decide deixar o desenho a cargo de Phil Davis, desenhador industrial e publicitário originário do Missouri, que havia conhecido quando trabalhava numa agência de publicidade em Saint Louis, onde era redactor e responsável pelas emissões radiofónicas.

Mandrake representa o género de cavalheiro aventureiro, uma espécie de justiceiro que luta contra o crime, com um porte alto e forte, usando um bigode fino e cabelo liso e vestindo, ainda, um magnífico e elegante traje (smoking e chapéu), ornamentado com uma capa negra revestida, na parte interior, de seda vermelha.

Esta série de banda desenhada pertence a um género fantástico, no qual Mandrake utiliza os seus poderes extraordinários de mágico, mostrando toda a sua astúcia, habilidade, agilidade e destreza de mãos, os truques, os disfarces e a capacidade de se transformar e de transformar os objectos e as pessoas. Com efeito, Mandrake consegue, entre outras coisas, suspender as pessoas no ar, transformar os homens em animais, fazer desaparecer ou animar os objectos, tornar as pessoas e ele próprio invisíveis, produzir paredes de fogo e muitos outros efeitos limitados apenas pela imaginação. Mas por trás dos extraordinários poderes de Mandrake estão apenas a hipnose, a telepatia e pouco mais.

O argumentista da série, Lee Falk, forneceu a esta banda desenhada toda a frescura, frieza e actualidade dos nossos dias. A narrativa possui suspense, emoção, accão e drama, conservando, ainda, suficiente humor para não cair num tom melodramático. As intrigas desenvolvem-se com rapidez, os diálogos são concisos, o pano de fundo das histórias é pleno de espírito. Por outro lado, o traço elegante e sóbrio do ilustrador, Phil Davis, conduz toda a intensidade da narrativa, na qual a sucessão de vinhetas é elaborada com uma grande clareza, as decorações, ornamentações e atitudes são precisas, exactas e realistas.

Mandrake é acompanhado, nas suas aventuras, pela sua noiva Narda, uma bela princesa de origem balcânica, e por Lothar, um negro robusto, detentor de uma força hercúlea, cuja pele de leopardo que cobre o seu corpo e o seu dialecto relembram a sua antiga origem de príncipe de uma tribo africana. Tendo abdicado do trono após conhecer Mandrake, Lothar fica daí em diante ao seu serviço, sendo o seu guarda-costas e tornando-se num amigo fiel, seu guardião e protector. Pouco a pouco, Lothar vai perdendo o seu dialecto, conservando, porém, a sua impressionante musculatura e o seu sentido de humor. Logo que conhece Mandrake, a bela Narda fica rendida aos seus encantos e feitiços, tornando-se, passado pouco tempo, na sua noiva. Este trio encontra-se, frequentemente, envolvido em perigosas e emocionantes aventuras que Mandrake leva sempre a bom termo, graças à sua coragem, inteligência e, sobretudo, aos seus inesgotáveis truques de magia.

O maior inimigo de Mandrake chama-se Lúcifer, mais conhecido por O Cobra, um ser demoníaco e temível que usa os seus poderes sobrenaturais para fazer o mal, nunca conseguindo, porém, vencer Mandrake.

As aventuras de Mandrake marcaram uma época no panorama da banda desenhada, quer americana, quer mundial, apaixonando gerações de leitores de todo o mundo ao longo do século XX. Hoje em dia, esta série, que se tornou numa das bandas desenhadas mais lidas em todo o mundo, publicada em dezenas de jornais e revistas, em várias línguas, continua a despertar um interesse sempre renovado por parte de novos e velhos leitores e admiradores deste género de aventuras. Para a posteridade e para as gerações vindouras, Mandrake ficará, certamente, como um dos maiores heróis de sempre da história da banda desenhada mundial.

Contribuição de Alexandre Ribeiro